A revolução da biotecnologia questões da sociabilidade
VICTORINO, Valério Igor P. A revolução da biotecnologia: questões da sociabilidade.Tempo soc. [online]. 2000, vol.12, n.2, pp. 129-145. ISSN 0103-2070.
“O ácido desoxirribonucléico ou DNA (material genético)
representa uma longa cadeia formada por milhares de genes, que nos seres
humanos chega a 100 mil. O gene é o segmento do DNA que codifica
informaç ão suficiente para as células ordenaremos aminoácidos
corretamente em cada proteína (elemento fundamental para a estrutura e
reações metabólicas) produzida pelo organismo. O DNA transmite
informação hereditária de uma geração para a seguinte como um “plano
para cada processo bioquímico dentro da célula e, conseqüentemente, dentro
do organismo como um todo, contendo toda informação necessária para
um organismo se desenvolver desde o óvulo fertilizado até a maturidade”
(Monsanto, 1999, p. 5).” (p.130)
“A engenharia genética originou-se na década de 1970, a partir de
várias técnicas: 1) seqüenciamento de DNA: permite determinar a seqüência
de bases orgânicas em qualquer trecho do DNA; 2) DNA recombinante:
permite a transferência de genes de um local para outro; 3) síntese química
do DNA em qualquer seqüência desejada; 4) Polymerase Chain Reaction
(PCR): descoberta em 1988, permite que uma específica seqüência genética
seja duplicada (cf. Ho, 1997, p. 30).” (p.130)
“Na medicina: a terapia genética promete a revolução na saúde, curando as doenças do organismo desenvolvido e diagnosticando e tratando, antes mesmo do nascimento, as
doenças que o indivíduo viria sofrer. Também é possível modificar animais
para que adquiram características inimagináveis, como por exemplo animais
exclusivamente para gerarem órgãos para fins de transplantes.” (p.131)
“As ciências naturais parecem avançar com mais certeza do que nunca no sentido do desvendamento objetivo do mundo. Os teóricos da moderna biolologia têm expectativas bastante elevadas. Supondo-se que as esperanças de decompor completamente uma célula humana, rastreando os processos e modelando precisamente o sistema total das moléculas, sejam realizadas; e que se obtenha o mesmo sucesso no que se refere aos tecidos
e órgãos, então “o cenário estará armado para o ataque final aos sistemas
ainda mais complexos da mente e do comportamento.” (p.133)
“O desdobramento da moderna genética “trará um tipo verdadeiramente novo de auto produção”: a bio-sociabilidade (Rabinow, 1991, p. 85). O empreendimento científico que será conduzido nos próximos anos pela genética molecular, neurociência e antropologia biológica, na busca das bases físicas da cultura e da natureza humana, carecerá de análises das condições ideológicas e socioeconômicas que influenciam a formação do
seu quadro conceitual. Na crítica dos postulados que fundamentam esse avanço científico não basta dizer que se trata de elucubrações estratosféricas de uma ciência destinada a afundar em seus próprios equívocos, pelo passado da sociobiologia. Não basta implesmente classificar e ironizar a base teórica como um soluço positivista extemporâneo. A explicitação dos fatores externos que delimitam e fornecem os critérios de avaliação dos alvos teóricos/práticos deverá trazer elementos para demonstrar a complexidade que existe na definição dos objetivos da ciência e da tecnologia contemporânea, e assim fundamentar a criação de mecanismos globais de gestão do conhecimento e da manipulação dos recursos genéticos” (p.143)
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