sexta-feira, 3 de junho de 2011

Fichamento 3

O fascínio dos cientistas colombianos pela engenharia genética de plantas
HOLMES, Christina. O fascínio dos cientistas colombianos pela engenharia genética de plantas. Sociologias [online]. 2008, n.19, pp. 40-61. ISSN 1517-4522.
        

“Uma das principais justificativas oferecidas para a engenharia genética é o seu
potencial de contribuir para a agricultura no mundo em desenvolvimento, uma posição que foi proposta, dentre outros, pelo engenheiro agrônomo Norman Borlaug (2001), vencedor do Prêmio Nobel (McGloughlin, 2002) .” (p.40)

“Antes de discutir os méritos da biotecnologia e da engenharia genética, é preciso ver para onde e para que fins essa tecnologia vem sendo predominantemente destinada. A biotecnologia de plantas é um campo dominado por empresas multinacionais com base nos Estados Unidos, seguidas de perto pelas multinacionais européias. A maioria dos originais e dos principais direitos de propriedade intelectual nesse domínio é detida por empresas com base no hemisfério norte (E.U. ou U.E.) ou então por universidades públicas (Parayil, 2003; Falcon & Fowler, 2002; Yamin, 2003). Além disso, a pesquisa em biotecnologia de plantas tem enfatizado principalmente culturas mais bem adaptadas ao clima temperado.” (p.41)

“Em função da concentração da biotecnologia agrícola nas mãos de corporações, há pouca probabilidade de que os mecanismos de mercado venham a transferir esta tecnologia para os pequenos agricultores, principalmente aqueles que vivem em países tropicais que não dispõem de recursos suficientes para serem considerados um mercado viável.” (p.43)

“Enquanto o entusiasmo pela biotecnologia esteve presente, muitos dos
cientistas colombianos entrevistados para este trabalho salientaram o quanto a
engenharia genética é útil como instrumento para alcançar metas particulares,
ao invés de fazerem declarações abrangentes sobre a tecnologia. Eles mencionaram várias razões pelas quais acreditam que a tecnologia seja útil. Em primeiro lugar, porque a engenharia genética proporciona a capacidade de fazer coisas que outros métodos não poderiam.” (p.45)

“A engenharia genética também foi considerada proveitosa e permitia
a utilização de genes que até então não estavam disponíveis em plantas
que fossem relacionadas (afastando, assim, a possibilidade de melhoramento
convencional).” (p.45)

“A engenharia genética é vista também como um método que permitirá aos agricultores colombianos alcançarem resultados importantes mais rapidamente do que obteriam com os métodos convencionais.” (p.46)

“A engenharia genética surgiu como uma excitante possibilidade de melhoria para as culturas tropicais, e não para as culturas temperadas que as multinacionais já estavam desenvolvendo. As culturas tropicais foram negligenciadas do ponto de vista do melhoramento de plantas e do desenvolvimento agrícola, uma vez que há menos dinheiro e infra-estrutura disponível para a pesquisa com essas culturas.” (p.4)

“A possibilidade de utilizar a biotecnologia, sobretudo a modificação genética, para melhorar a vida das pessoas nos países em desenvolvimento tem sido criticada por muitos como, por exemplo, Vandana Shiva (2000) e Miguel Altieri (Altieri & Rosset, 1999; Altieri, 2001; Altieri & Rosset, 2002).” (p.48)

“O período de tempo necessário para desenvolver programas de pesquisa é outro fator importante para se entender porque os pesquisadores continuaram a trabalhar com a engenharia genética (Holmes, 2006).” (p.52)

“Voltando às justificativas para a engenharia genética e a sua utilidade no mundo em desenvolvimento: as barreiras à sua utilização, no caso da Colômbia, mostram o quanto é improvável que a engenharia genética venha a oferecer uma contribuição global em larga escala para os problemas da fome enquanto a sua utilização estiver voltada principalmente para o lucro.” (p.58)

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